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Bases Construtivistas para a Psicoterapia

Autores: Álvaro Pacheco Duran

 

O pensamento ocidental moderno está ancorado nos conceitos dicotômicos de realidade objetiva / realidade subjetiva e de verdadeiro / falso que constituem base e decorrência da ciência moderna: 1)há uma realidade objetiva exterior que importa conhecer e 2) é preciso decidir entre o conhecimento verdadeiro e o conhecimento falso a respeito dessa realidade.

O pensamento pós-moderno questiona os valores da ciência moderna: "a estrutura e a organização do conhecido - aí incluído o conhecedor enquanto conhecido - estão inextrincavelmente ligadas à estrutura do conhecedor" (Chiari & Nuzzo,1996). Nessa perspectiva construtivista, onde a ênfase está na "característica proativa e autoorganizadora do conhecer humano " (Neimeyer, 1995), a versão da realidade toma o lugar da realidade objetiva e a viabilidade substitui a veracidade. Ou seja, fica questionada a possibilidade de conhecimento científico objetivo direto da realidade e a ciência fica entendida como um modo privilegiado de dar inteligibilidade às experiências humanas, o que, de resto, caracterizaria todo tipo de conhecimento. Para o contrucionismo social, que se poderia considerar um caso particular do construtivismo, o intercâmbio social, mediado pela linguagem, estaria na base da construção da realidade.

Desde a década de oitenta, de modo crescente e acelerado, a metateoria construtivista vem ocupando espaço no interior da Psicoterapia, através de um leque de abordagens que se constituem num dos seus movimentos contemporâneos mais ricos em possibilidades de reflexão e ação científico-profissional. Propostas apresentadas por nomes como os de Guidano, Greenberg, Mahoney, Gonçalves, Neimeyer, Goolishian e Anderson, , revelando influências como as de von Glaserfeld, Piaget, Kelly, Marturana, Bruner, Gergen, Harré, Berger, Luckmann, marcam a área.

O presente curso, além de traçar um breve delineamento do construtivismo (e do construcionismo social), tem a intenção de apresentar os principais contornos epistemológicos, teóricos e técnicos de algumas de suas principais tendências na psicoterapia, segundo a classificação de Neimeyer: terapia como ciência pessoal, terapia como desenvolvimento do self, terapia como reconstrução narrativa e terapia como elaboração conversacional.